quinta-feira, 3 de novembro de 2011



Meu querer.
Não passa disso:
justa impotência,
triste verdade rejeitada
Sofro
por querer que seja meu
(e nunca será)
Duvido
por que quero que seja meu?
(se nunca foi)
Cubro o rosto molhado
por saber que sou cruel
e não saber como aceitar
o que não deveria precisar
ser aceito



Macacos,
por todo lado,
macacos!
Paus, pedras e macacos!
Esquartejando-se (pelos séculos)
e a lama
ainda tem o mesmo gosto


Obs.: Não gosto de explicar o que escrevo, mas essa me pediu pra dizer algo. Evolução não significa progresso. É, de modo geral, APENAS mudança.

Obs2.: Nota mental para mim, isso foi escrito em outubro XD. Sim, sou preguiçosa. Sim, esse blog tbm tem fins históricos hahaha.

A inquisição dos e-books?

É inexplicável o que a leitura pode fazer com a sua vida. Isso me faz lembrar que algumas pessoas desperdiçam energia defendendo o uso do papel ao invés de aparatos digitais. Posso até ouví-las: "Livro de papel são sagrados! Nada irá substituí-los! Queimem todos os e-books!". E imagino a galerinha medieval dizendo o mesmo dos pergaminhos quando os livros começaram a ser produzidos. E importa como ou onde se lê? Livro, tablet ou pedaço de papel pendurado na cadeira do ônibus (como pude ver em Belo Horizonte e achei o máximo!), não é isso que importa! Chega de caduquices/caretices hipócritas, temos que defender que se leia! As ferramentas mudam, a magia não.

Esse vídeo vai lembrar você de que as pessoas não usaram livros sempre (algumas pessoas esquecem). Ele teve que ser inventado, nós tivemos que aprender a usá-lo e algum dia pode ser que ninguém lembre que ele existiu! Quando ele surgiu, deve ter sido mais ou menos assim:

Cicatrizes literárias


Algumas leituras marcaram minha vida como um tijolo é essencial para que toda a casa exista. Se eu não houvesse lido algumas delas, não seriam as minhas palavras que você estaria lendo agora, mas as de outra pessoa. Assim, todo dia, sinto o peso das palavras lidas há tanto tempo, mas que fluem em minhas veias até hoje.

Dentre várias, algumas são bem especiais. A primeira foi o livro Ou isto ou aquilo de Cecília Meireles. Um livro de poesias, o qual ganhei de minha mãe. Tudo bem que era um paradidático, tudo bem ter lido "forçada" aos 6 (ou seriam 7) anos de idade, mas isso não tira a magia do efeito daquelas poucas páginas. Foi esse livro que me disse: "Olá, sou a poesia" pela primeira vez. E eu, graças às musas, respondi: "Muito prazer!". Como um texto tão pequeno pode dizer tantas coisas (além do que está literalmente escrito)? É claro que eu não pensava sobre isso ao mesmo tempo em que me apaixonava à primeira lida, mas se penso nisso, foi por causa desse livro. Hoje, creio que posso me considerar uma "tentativa de poetisa". Infelizmente, não sei onde meu exemplar de Ou isto ou aquilo está, mas sei que está riscado e recortado em algumas folhas (valeu, irmãzinha). Por que diabos não o guardei com cuidado?!

Outro livrinho foi Marcelo, marmelo, martelo de Ruth Rocha, o qual continha três pequenas histórias, sendo a primeira, cujo nome batiza o livro, a minha preferida. Fala de um menino que não queria aceitar os nomes que as coisas tinham, simplesmente, porque não faziam o menor sentido. Por que cadeira se chama cadeira e não sentadeira? E colher? Por que não: mexedor? E Marcelo, e marmelo, e martelo? Esses questionamentos me contaminaram de tal forma que me rendem dores de cabeça diárias até hoje: cadeira... cadeira?

Então, eis que chego em casa à noite (uns 15 anos depois) e encontro um pacote grande de um famoso site de compras, entregue pelo correio, endereçado a mim. Depois de um telefonema para o meu amado, descubro que é um presente surpresa de aniversário. Rejuvenesci uns 15 anos com a notícia e me pus a abrir o pacote. Não pude conter as lágrimas ao tocar a coleção completa de Calvin e Haroldo de Bill Watterson. Poucas leituras mexem tanto comigo como os quadrinhos do menino e seu tigre. Como não sentir novamente o cheiro do livro de português sendo folheado ainda em janeiro para procurar e ler todas as tirinhas de uma vez? Como não sorrir e chorar ao ler a vida dessa criança (ou de todos nós)? Como resumir a infância, os pais, a vida escolar e o sexo oposto tão bem quanto o filósofo protagonista das tiras? Como não lembrar de que, em algum ponto do passado, eu fui Calvin e Haroldo foi meu amigo? Como não querer morrer ao olhar para Haroldo e ver um bicho de pelúcia?

Não sou de ler muito, aliás gostaria de ler muito mais (demoro 24563 dias em um livro), não é a intenção desse texto mostrar que li algo e fingir ser intelectual por isso (até porque... olha os livros que citei kkkkkk) como vejo muita gente fazer em blog, infelizmente. Sem querer ser romântica ou qualquer coisa do tipo. É inexplicável o que a leitura pode fazer com a sua vida. 

Obs: Isso me lembra outro post! Para ver, clique aqui.

terça-feira, 1 de novembro de 2011


Pôr-do-sol,
ondas de luz fluorescente,
incandescentes,
formam um mar
E o mar de gente
E o cheiro quente
das vontades reprimidas
e do suor
arde aos olhos

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pequenos


Olho para o céu
e vejo o Universo
Sinto-me pequeno
e isso é bonito
Sinto-me desprotegido
e me sinto melhor
pois o céu não existe

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

As cores do cinza



O cinza da cidade tem cores,
cores desbotadas
Cores que se apagam
na pressa dos sentidos,
cores que brilham
aos olhos descompromissados
Cores de plástico, de tinta, de células
Sinta
a cor da flor amassada no asfalto,
a cor do grafite que grita,
a cor dos muros por falta de cinza


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Crianças de 90: estamos ficando velhos!



Você se toca que está ficando velha(o) e que o tempo está voando quando a década na qual você viveu sua infância vira tema de blogs nostálgicos. Está chovendo blogs, twitters, comunidades que relembram a década de 90 e fazem você pensar: quero minha infância de voltaaaaaaaa!

Há alguns anos atrás, ficava meio perdida quando encontrava um blog ou recebia um e-mail sobre coisas antigas, reconhecia no máximo 2 itens em uma lista: 50 coisas que você aprendeu na sua infância porque a maioria se referia à década de 80 da qual só desfrutei dois anos. Mas agora é diferente, agora falar da infância é falar dos anos 90, o que é óbvio já que o tempo passa (oO'). As festas 20 e poucos anos viram 30 e poucos! Falar dos tazos, de tv cruj e de tamagotchi ficou muito engraçado.

Resumindo, é a vez da nova geração de 20 e poucos sofrer com tudo na internet fazendo você lembrar de como sua infância foi legal e de que ela nunca mais vai voltar. Calma, galera, a gente aguenta que 2020 chega já!

domingo, 8 de maio de 2011

Mulher












A partir do momento em que eles farejam seu cheiro,
querem que você seja:
beleza, mas liberdade
segurança, mas fragilidade
hímen, mas cérebro
naturalidade, mas rímel
esposa, mas amante
liberdade, mas mãe
e ainda
sensivelmente durona,
promiscuamente virginal,
tradicionalmente moderna,
compreensivamente ciumenta,
submissamente monárquica,
executivamente doméstica
e, acima de tudo
e sem especificações,
paradoxalmente obediente.

Dedicado às mulheres cegas e aos homens convenientemente mudos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ajuda do vento


Vento,
leve-me para onde quiser,
quem sabe eu tenha mais sorte
do que se eu mesma fizer as escolhas

terça-feira, 8 de março de 2011

8 de março - Dia internacinal da mulher - Reflexões



Ano passado, estava eu, plena manhã de 8 de março, com meu cérebro desligado, viajando em bobagens de internet, quando recebo um e-mail enviado a mim e a vários amigos pelo meu amorzinho querido. Com a autorização dele, postarei aqui, pois acredito que toda pessoa deveria pensar sobre isso:

"O dia das mulheres não era pra ser uma data machista, mas acabou se tornando.


Eu não parabenizo as mulheres nessa data. Pq eu faria isso??? O q as mulheres q eu conheço fizeram que mereça parabéns pelo simples fato de serem mulheres? Afinal, as mulheres não lutaram tanto para que fossem tratadas como iguais? (como de fato são)

Para mim, isso é uma atitude machista; como se os homens devessem parabenizá-las por conseguir fazer td o q eles fazem. Elas são inferiores a eles? eu acho que não.


O 8 de março deveria ser uma data para lembrarmos da vergonha que os homens imprimiram na história e das histórias de tds as mulheres que no passado lutaram e morreram por seus direitos (aliás, deveriamos lembrar disso tds os dias, mas isso já é outra reflexão...). Elas é que merecem parabéns, pq com seu amor e seu sangue mudaram o mundo (embora saibamos que ainda existem algumas coisas a mudar).


Mas quantos se lembrarão disso hj??? Os homens apenas desejam parabéns, dão uns bjs e abraços. E as mulheres, o que é pior ainda, se satisfazem com isso!!! Aquelas coniventes com isso, na minha opinião, jogam fora toda a herança que suas antecessoras deram a vida para conquistar. É mt facil desvalorizar o que não lutamos para ter!!!


Tlvz elas achem que sempre foi possivel falar o que pensa, ter amigos e fazer amor com quem quiser, e que o dia das mulheres existe só para receber flores e alimentar o ego feminino. É por atitudes assim que nossa sociedade ainda não se livrou de vez do machismo; homens e MULHERES ainda acham que elas são florzinhas delicadas que tem que ser cuidadas, princesas virgens que tem ser resgatadas, seres que merecem ser parabenizados pelo simples fato de terem dois cromossomos X...



É claro que existem diferenças inerentes aos dois sexos, mas isso não justifica muitos comportamentos sociais que vemos hj. Se as mulheres querem igualdade de fato, ajam como iguais e exijam dos homens que as tratem assim. Podemos começar nem dando nem aceitando parabéns hj, certo? ;D


E em anexo vai uma música bem bunitinha que gera com bom humor uma reflexão sobre a história e o papel feminino."

A música é "Banheira" (Intérprete: Natália Mallo, Composição: Natália Mallo e Mathilda Kovak).Para escutar, clique aqui.

Alguns e-mails de outras pessoas depois, a existência do dia da mulher foi colocada em xeque. Eu questionei a data comigo mesma, li algumas coisas sobre a criação da comemoração e aí saiu isso aqui:

"Concordo totalmente com a afirmação de que a comemoração do triste dia 8 de março perdeu sua verdadeira identidade. Concordo que mulher nenhuma merece parabéns por ser do sexo feminino. Entretanto, apoio completamente a existência do dia da mulher, que não é apenas um dia de homenagens MERECIDAS, mas também um dia em que diversos países (que conhecem o sentido da data) param para discutir sobre a situação feminina na sociedade atual. Esta é a verdadeira função da data, função esquecida ou desconhecida por muitos de nós (eu mesma acabei de descobrir isso).


Mas homens e mulheres não são iguais socialmente falando? NÃO. Ainda não, por isso esse dia ainda é importante. Por isso acredito que merecemos esta pequena homenagem, TODAS NÓS! Sabe por quê? Porque morremos queimadas por exigirmos melhores condições de trabalho, porque ganhamos menos fazendo o mesmo trabalho, porque ainda temos que ouvir ignorantes dizer: " a maioria dos cientistas famosos são homens porque as mulheres são preguiçosas. Não gostam de trabalhar", porque somos ridicularizadas toda vez que colocamos a mão em um volante de um carro (objeto quase sempre associado à imagem masculina), porque somos espancadas e estupradas por termos menos massa muscular, porque temos que ouvir todo tipo de piada idiota por cuidarmos da casa, dos nossos filhos e dos filhos de nossas sogras praticamente sozinhas depois de passarmos o dia trabalhando fora, porque temos que ouvir "quem é esse cara? mulher num tem amigo homem, não!" toda vez que um amigo nos telefona, porque não podemos pedir em namoro a pessoa que amamos, porque somos treinadas para sentar, andar e nos vestir da forma mais desconfortável possível desde os 2 anos de idade e porque lutamos contra tudo isso ao mesmo tempo.



É claro que muitas de nós não lutam, mas muitas o fazem e todas passam por no mínimo um tipo de discriminação no mês. Indo das piadas imbecis que vocês homens contam até um orc que enche a ex-mulher de bala porque ela deu um pé-na-bunda do canalha (e ainda temos que ouvir alguém soltar o comentário quando vemos a repostagem no jornal: "ela deve ter botado um chifre nele, bem feito". Meninas, quantas de vocês ouviram piadas machistas ontem? Eu só ouvi uma, um recorde!


Merecemos a homenagem, sim! Não só no dia 8 de março, seria ótimo se nossa luta fosse lembrada todo dia, aliás seria perfeito se nem precisássemos de um dia como esse! Mas ainda precisamos, infelizmente.


Concordo que não deveríamos ficar satisfeitas com um "parabéns" (parabéns por quê? por sobreviver até aqui?). O que realmente deveríamos querer ouvir dos homens é "tô contigo nessa luta!""

E ai? O que você acha?

sábado, 5 de março de 2011

Eu acho que isso só acontece comigo

Estava lendo o blog "Isso só acontece comigo" (Clique aqui para ler), que é muito engraçado por sinal, e fiquei inspirada para contar um causo, o qual eu nunca imaginei que pudesse acontecer comigo. Eu fui agredida fisicamente em uma sala de cinema.

Mintiiiira. Foi mesmo?


Agora, você deve estar pensando:
"que tipo de atrocidade essa delinqüente deve ter cometido para que uma pessoa tenha se sentido impelida a fazer justiça com as próprias mãos?" 

Antes que você comece a imaginar as atrocidades, eu respondo: NADA!



Tudo começou quando minha mãe chegou pra mim e pra minha irmã e disse: "Ei, vamos assistir Nosso Lar?". Pra quem não sabe, este é um filme baseado em um livro de Chico Chavier, exibido nos cinemas em 2010. Eu não queria assistir esse filme, muito menos minha irmã, mas como minha mãe já havia dormido de tédio dentro do cinema inúmeras vezes por nossa causa e nunca tinha vez na hora de escolher nem sabor de pizza, a gente resolveu fazer o sacrifício.
Tudo correu na maior normalidade possível: escolhemos uma fila onde só havia uma inofensiva senhora sentada bem no meio, sentamos: eu ao lado da senhora, minha irmã no meio e mamãe na ponta. Estávamos felizes e serelepes tomando sorvete e esperando o filme começar, o filme começou e...


Com mais ou menos 30 minutos de filme, eu ouço uma voz indignada vindo do meu lado: "Era só o que me faltava!". É nessa hora que você pensa: "Foi comigo?". Olhei "de rabo de olho" para a senhora. Ela olhava para mim. É, foi comigo. Pensei: será que ela está querendo conversar sobre algo que não a agradou no filme? Ou... eu fiz algo que ela não gostou, mas... eu não tinha feito nada!
Achei melhor fingir que não ouvi e continuei assistindo o filme. Então, e até hoje eu me pego divagando a respeito do porquê, ela me deu uma bolsada! Eu juro, EU JURO que não fiz nada. A partir daí tudo foi muito rápido:
- Senhora! O que é isso??? O que eu lhe fiz???
- Nada. Respondeu daquele jeito que as namoradas respondem quando os namorados perguntam: "O que eu fiz?!"
- Mas então por que você me bateu??? Diga o que eu fiz???
- Nada!
- Senhora!
- Shhhhhhhhhhhhh!

Ainda me manda fazer silêncio, dá pra acreditar? Saí correndo da sala, me tremendo todinha de nervosa, chamando por um segurança do shopping. Algumas funcionárias me deram água, em seguida voltei para a sala acompanhada pelo segurança. Ninguém estava acreditando que eu não havia feito nada porque, é claro, EU chamaria o segurança se EU tivesse feito algo (¬¬). Já na sala, a mulher estava mais calma do que uma pessoa que bate em alguém por justa causa. Minha mãe e minha irmã não paravam de perguntar: "o que foi que aconteceu, menina?". Nesse momento, mesmo nervosa, me senti em um filme:
- Foi ela! Ela me deu uma bolsada! Disse bem alto com o dedo em punho.
O segurança, como se procurasse palavras para falar diante do absurdo, ficou alguns segundos calado até que falou com a doida:
- Senhora, está tudo bem?
- Está sim.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não.
Indignada, eu repeti: "Não, ela me agrediu! Agrediu sem motivo algum!". Todos se calaram, os espectadores nem respiravam, o segurança olhou pra mim como quem diz: "e aí?". Ora, e eu é que tinha que saber?! Minha mãe, que já havia entendido o babado, se levantou: "Vem, Amanda, vamos lá pra trás" e me puxou.


É, é fácil pensar no que se poderia ter feito depois do ocorrido, mas na hora, eu estava tão atordoada que não consegui fazer mais nada. O segurança foi embora, a mulher ficou lá e eu ganhei uma história pra contar e um hematoma. 


Brincadeira, só doeu. Que raiva de não ter acontecido nada com a criatura, que raiva de mim, devia ter feito o maior barraco! Mas o pior, é a dúvida... Por que diabos essa doida me bateu? 

Hipóteses?

terça-feira, 1 de março de 2011


Chove,
lava esta já fraca Fortaleza,
limpa seus pecados,
expõe suas fraquezas,
machuca suas feridas.
Só assim, teus parasitas fogem
e te deixam descansar
por alguns minutos...
Desonrando teu sangue.
Sangue que os nutriu.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Adeus, Paranjana!


Aproximadamente 5400 horas. 225 dias de minha vida, ou mais, passei dentro de um paranjana. Parece pouco, mas dentro dele o tempo se expande: 10 minutos parecem uma eternidade. E foram nove anos! Não é qualquer namorico, não! Foi quase um casamento. Viajei nos mais diversos horários, nas mais variadas escalas de lotação. Daquela que dá vontade de chorar de emoção, porque você está escolhendo onde quer sentar, à que dá vontade de chorar porque sua caixa torácica está tão espremida que você não consegue respirar.

Quantas pisadas de pé? Barracos? Palavrões (que o diga, o pobre motorista!)? Aprendi coisas no paranjana. Aprendi sobre sobrevivência, sobre evolução, seleção natural. Vi Fortaleza mutante. Vi muros subirem, caírem, terrenos serem invadidos, desocupados. Onde quer que eu estivesse, ele estaria lá para me resgatar (mesmo que demorasse 40 minutos).

Todos odiavam o paranjana. Todos o repudiavam, criticavam, humilhavam... Ele sempre foi alvo preferido das piadas contra o transporte público de Fortaleza, mas foi só ele partir dessa pra melhor e todo mundo fala de saudade, da falta que vai fazer, das marcas que vai deixar (físicas, inclusive), faz vídeo em homenagem às falecidas linhas gêmeas bivitelinas... Onde estava a falsidade? Nos repúdios ou na agora tão falada saudade?
Eu vou ser muito sincera agora, o que vou dizer é com toda a sinceridade do meu ser, é agora, doa a quem doer, vou revelar uma heresia nunca antes dita:

Eu amava o paranjana.


Um minuto de silêncio, por favor.


Lágrimas enxutas, sim... EU AMAVA O PARANJANA. E não tenho mais receio em dizer isso a quem tiver ouvidos. Pena que agora é tarde! Ele se foi... Nunca mais terei chance de demonstrar meu amor, nunca mais acenarei para que ele abra seus braços para mim, nunca mais viajarei por Fortaleza sem descer em alguma droga de terminal, nunca mais terei tempo de observar a vida através de suas janelas ou mesmo dentro de seu corpo cansado das inúmeras voltas, engarrafamentos, xingamentos, pedradas em dia de jogo no Castelão... ééé, a gente só lembra do nosso sofrimento, mas e o dele?

É claro que eu não sou nenhuma louca de gostar de andar pendurada para fora do ônibus ou, quando conseguia entrar, andar tão espremida quanto... quanto em um paranjana (não dá pra comparar...). É óbvio que eu o xinguei, repudiei, humilhei! Mas quem não faz essas coisas quando se está com raiva? E quem não tem defeitos? Ele tinha. Mas meu amor sempre foi e sempre será verdadeiro. Eu sempre vou te amar, paranjana, seu legado é eterno, seus filhos estão tentado dar o melhor de si (tenho que admitir que estão se saindo melhor do que você), mas nada vai ocupar o vazio que sua partida deixou. O melhor ônibus da minha vida!

Maaas, como diria um grande filósofo de banco de paranjana: "tudo nessa vida é passageiro, menos o motorista e o trocador!".

Mais um minuto de silêncio, por favor, ele merece...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011


Os óculos permitem a visão
Às vezes, seu peso cansa a vista
Às vezes, o peso da vista me cansa
Às vezes, vejo sem escolher
Às vezes, escolho tirar os óculos
e não ver.
Fecho os olhos
e eles ardem
Vejo sem ver.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cansei!
Minhas costas rangem do cansaço de anos.
Quero tirar todos os pingos dos is
e deixar a comida apodrecer nos pratos sujos!
Mas que droga, não consigo!
O mau e velho medo das sinapses alheias ainda me tem em suas correntes.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011



















Hoje o céu parecia pegar fogo.
Alguém percebeu?
Pra mim, foi como a conclusão de uma semana terrível, fechada por um banho de fogo ofertado pelo céu em sociedade com o sol.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011















Mais um dia.
Ônibus lotado.
Suspiro.
"Mulher, larga esse homem!"
Música legal...
Engarrafamento.
Polícia.
Corpo.
A vida para por um segundo.
Menos um...
Por um segundo, todos lembram que não são tão fortes.
Menos um...
O ônibus anda.
O ponteiro também.
"Mulher, bota água sanitária que dá certo."

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Impulso nervoso


Pernas,
éramos só pernas
Joelhos nodosos, 
canelas esticadas, 
calcanhares latejantes
Então,
uma música com suspiro,
uma piada entre amigos,
uma palavra tola do alcoólatra,
uma lembrança secreta...
Bocas,
éramos só sorrisos
perdidos em meio às dores